A internet é uma boa forma de passar o tempo mas não é a única forma de passar a vida

13.10.08

Adeus Amigo!...



  Fitei-o. Com a mão na cara, cofiando a barba de alguns dias, o meu amigo bebia o café com o olhar perdido no horizonte. Naquele café, onde se mirava a encosta sulcada de casario, ouvi-o durante anos.

 Casara relativamente cedo. Casara por amor. Adorava a mulher acima de tudo. Os dois lutaram por uma vida que lhes fizesse esquecer as amarguras do passado. Vieram os filhos e a vida foi, a pouco e pouco, mudando.

 Chegado a casa, depois de um dia de canseira, ouvia as lamúrias da mulher, sobre o trabalho, sobre os filhos, sobre a vida. E ele queria era um momento a sós com ela. Queria poder amá-la até exaustão, no carro, na cama, na banheira, fosse em que lugar fosse, sem tabus, sem regras, sem dogmas.

 Deitavam-se, e a conversa continuava. Ele bem procurava excitá-la mas nada! Cansada, ela virava-lhe as costas e ele fazia amor com o vazio.

 De vez em quando fazia movimentos, sabendo que ela ainda estava semi-acordada, para que ela se voltasse e fizesse amor com ele, mas o corpo não se voltava, o corpo não bulia e ele fazia amor com o movimento.

 No banheiro, enquanto a água quente lhe escorria pelo corpo, excitado, fazia amor com a mão.

 Quando, após semanas, ela se lembrava que havia outras coisas para além de tachos e panelas, de luzes apagadas, ele fazia amor com o escuro.

 No carro quando ia com ela e a olhava, desejoso de fazer amor, fazia amor com o pensamento.

 Isto durante anos. Muitas vezes o meu amigo me confessou que, quando ia de carro, a vontade que tinha era guinar o volante, acabar com tudo, acabar com a vida.

 Pensava essencialmente nos filhos e na mulher que nunca deixara de gostar, mas a paixão esmorecera!

 Abria-me os seus sentimentos, calava-se e eu respeitava os seus silêncios. Ele não queria conselhos, queria alguém que o ouvisse!...

 … Um dia, sozinho, vai até ao penedo onde me dizia que costumava ir, ouvir as ondas, ouvir o bramido, ouvir o rugido do mar. Ali ficava entregue aos seus pensamentos e pensar se a vida assim valia a pena ser vivida.

 Olhou o azul profundo. Aqui e ali, ondas iam e vinham, gotículas de espuma batiam-lhe mansamente no rosto, num gesto de carinho, numa entrega total.

 Despiu-se em pleno dia e, de braços abertos, atirou-se àquelas águas, pela última vez fizera amor… com a Morte!


 Adeus amigo!...

20.8.08

Vô, vem!

A sua pequena mão apertava a minha com força e entusiasmo: «Vô, vem!» e puxava-me para o mar! E ria e pulava como um peixe fora d’água! As ondas dançavam na areia e ele sempre a puxar-me: «Vô, vem!»

E eu ficava a olhar aquela cabeça loirita, tão parecida com a minha quando eu era pequeno. Os seus olhos azuis brilhavam de alegria. Fazia-lhe pequenos castelos de areia e ele dava logo um pontapé naquilo. Queria era a água, enchia-lhe o balde e fazia chover sobre os braços e o corpo como me vira fazer!

O mar que tanto eu admirei em pequeno, agora levo o pequeno a admirar o mar!

Vem, meu neto, vamos ver o mar de perto. Sabes que o mar é como um velho amigo meu? Ele me conta muitas histórias, histórias que eu vou te contar também. Histórias de aventuras, de mistérios, de sonhos…

Sério, vô? Que histórias são essas?

São histórias que só se ouvem com o coração. Vem cá, encosta o teu ouvido no meu peito. Estás a ouvir?

Estou, vô. O que é isso?

Isso é o som do mar dentro de mim. O mar está sempre comigo, onde quer que eu vá. E agora está contigo também. Porque tu és parte de mim, meu neto.

Eu gosto do mar, vô. E gosto de ti.

Eu também gosto de ti.

O mar estava furioso e agitado, o vento soprava forte, mas ele sem medo só dizia:

«Vô, vem!»

Vou sim, meu neto!

C/o meu neto Renato Lima

17.5.08

Quero ser Sultão...

 ... Na próxima reencarnação.  No harém (palavra árabe “haram” que significa "o que é resguardado, sagrado") só podia entrar eu, todos os outros homens estavam proibidos de lá entrar, a não ser que fosse eunuco, aí nem era homem nem mulher.
 Podia ser como o sultão indiano Mogul Akbar (1556-1605), com mais de 5 mil mulheres. (Deixem-me fazer as contas, ora uma mulher por dia a dividir por 365 dava 13 anos e tal sem voltar à mesma, espectáculo!!!)  Os eunucos, rapazinhos apanhados nas selvas do Sudão, eram castrados e vendidos como escravos. Como a castração era feita de forma rudimentar muitos morriam o que os tornava mercadoria valiosa.
 A mãe do Sultão, a sultana-mãe, a “Valide”, era quem comandava as “tropas” lá no “Sítio do Pica-Pau amarelo”.
 Como algumas não conseguiam ver o sultão, e se ao fim de nove anos não vissem o padeiro, podiam sair e casar-se fora do harém imperial. Chamada que fosse apenas uma vez, tornava-se reclusa perpétua.
 Só uma vez e ficava para sempre à espera de uma 2ª que poderia nunca mais vir??? Realmente!... Como naquela altura as mulheres eram diferentes!  As odaliscas eram cristãs de origem europeia visto que, para um muçulmano, é pecado escravizar outro. Algumas eram conquistas das guerras, outras eram capturadas e vendidas nos mercados árabes. Embora tivessem que cumprir algumas obrigações que a “Valide” impunha, viviam numa boa, não sei se era boa se era má, tal a distância entre uma relação e outra, mas se calhar tinham outras brincadeiras, se não fosse com os eunucos não faltariam parceiras para um joguitos de papai e mamãe, tudo numa boa claro!
(Se continuam a olhar mais para as imagens do que para o que eu estou aqui a escrever paro já! Ah, bom, é o que vale ser romano e o respeito é muito bonito, então continuemos!)  Assim, enquanto esperavam que o sultão as chamasse, lá iam tendo uns banhos turcos, umas massagens pelos eunucos e umas intrigas (pois isto de haver muitas mulheres sem intrigas e traições pelo meio não tem piada nenhuma).  Eram banhadas depois em águas perfumadas com pétalas de rosas e essências raras. Lindas e sedutoras (para quem? Para os eunucos?), encaminhavam-se para outras salas onde cuidavam dos cabelos, pintavam as unhas e se maquilhavam. Depois, vestiam-se luxuosamente (não sei para quê, dali não saiam) e adornavam-se com inúmeras jóias.
 Passavam em ociosidade os dias, cantando e rindo, à espera que o rouxinol do sultão cantasse. A que fosse escolhida pelo rouxinol saltitante, era perfumada, vestida a preceito (continuo a não saber a razão do vestir já que se ia despir a seguir) pelas outras mulheres e conduzida pelos eunucos aos aposentos do califa. Se agradasse, tornava-se favorita. Se tivesse um filho do sexo masculino, tornar-se-ia esposa, e se esse filho fosse o primeiro do sultão passaria a ser primeira-esposa. Daí ser depois a sultana-mãe de um novo sultão que não me importaria de ser eu.  Mas quem sabe se, na próxima reencarnação, não me calha na sopa um harém!


2.5.08

Hoje senti-me alentejano


  É verdade, eu, um nortenho, hoje senti-me alentejano.

  Almoço, regado com um vinho tintinho de Cuba de 2006, fresquinho (coloco sempre no frigorífico meia hora antes de beber) e aí está o “je” a pensar que está debaixo de um chaparro, mordiscando uma palha, de botas de atanado grosseiro, calças e colete de cotim. Chambre de riscado e lenço ao pescoço. Resguardando as calças uns safões de lona e na cabeça chapéu de abas largas e copa redonda. Um autêntico alentejano dormindo a sesta.


  Mesmo que o passarinho cantasse nada era comigo. Ali na planície alentejana, onde o sol castiga mais, sentia-me como um nababo, sem nada na coutada mas com o mundo na mão.

  Estar em paz comigo mesmo é estar em paz com o mundo. Podem cair raios e coriscos mas a sensação de que estou ouvindo «Vou-me embora vou partir» dá-me vontade de ficar. Entregue a Deus, entregue à Natureza.

  Se a culpa é do Cuba de 2006 não sei, sei é que há dias assim...

  ...E eu, um nortenho, hoje, senti-me alentejano, amanhã é outro dia!


P.S. - O povo alentejano, como todos os outros povos que fazem parte deste jardim à beira-mar plantado, é um povo trabalhador. Tem a fama mas não teve o proveito pois foi um povo extremamente explorado. E o Alentejo, ontem o celeiro de Portugal, está em completo abandono porque quem governa este País pensa que sai mais barato comprar lá fora o que tínhamos cá dentro.


12.2.08

As Alcovas Reais


  Se houve Papas mais papistas que Casanova, que dizer dos reais leitos deste país à beira-mar plantado?

  Sabemos, quando estudámos a história de Portugal, que lá só vem os feitos gloriosos das conquistas reais aquém e além-mar, e as alcovas? Será que o facto de se ser rei teria obrigatoriamente de olhar para a rainha e perguntar com voz melosa: «Quereis algo hoje senhora?» Caso o sinal fosse afirmativo lá ia o Rei, pela calada da noite, até aos aposentos da rainha para cumprir a sua obrigação, mais que não fosse para dar um herdeiro varão para continuação da linhagem e do Reino de Portugal e dos Allgarves (tem que se usar agora esta terminologia por causa dos “Kámones”).

  A pergunta que se propõe é por que razão o Rei perguntava à Rainha se estava disponível?! É que se nada dissesse estava sujeito a ver o leito conjugal ocupado por um Conde Andeiro qualquer.

  Então vamos olhar para as cabeças coroadas deste país e saber o que não vem nos livros de História.

  Vamos começar por D. Teresa, filha ilegítima do rei de Leão e Castela, a quem o filho D. Afonso Henriques tratou-lhe da saúde na batalha nos campos de S. Mamede. Pois D. Teresa não deixava arrefecer a alcova e o Conde de Trava, não lhe travando os ímpetos sexuais, venerava tão doce caminho sendo recompensado pelos altos serviços prestados, com castelos e senhorios.

  Bastardos há muitos, e assim uns mais outros menos a primeira dinastia não deixou o crédito por corpos alheios e se Sua Majestade a Rainha não estava afim de..., outros horizontes para o Rei se abriam.

  Ia D. Dinis no calor da noite cantando «Ai flores, ai flores do verde pinho se sabedes novas do meu amigo, ai deus, e u é», quando lhe surge a caminho a Rainha Isabel e as suas aias com archotes acesos.

Que fazeis aqui senhora? – Pergunta o Rei admirado

Vim vos alumiar o caminho meu Senhor. Ide vê-las? – Retorquiu a rainha.

  E assim “nasceu” o Lumiar e Odivelas.

  Pois é!... Ia D. Dinis a caminho para mais um retiro espiritual ali prós lados de Odivelas, e quantos filhos ilegítimos legitimou D. Dinis?... A módica quantia de 25 filhos! Isto é que ia uma crise lá prós lados dos Paços Reais, mas se a Rainha era Santa lá tinha razões o nosso rei para não lhe tocar... Digo eu!

Já o seu filho D. Afonso IV não seguiu as pisadas do pai pois foi “único que não teve filhos bastardos”... Que se saiba!

  Se houve rei que mais utilizou a expressão «Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço» esse Rei foi D. Pedro I – o Justiceiro.

  Os seus amores com Inês de Castro são por demais conhecidos, ainda sua alteza Real era casado com D. Constança. Nos seus devaneios extraconjugais com Inês, quatro filhos vieram ao mundo.

  Apesar destas visitas a alcova alheia era D. Pedro implacável com os seus súbditos no que respeita a pecadilhos alheios e, assim, mandou castrar um escudeiro, seu amante, que se esquecia do escudo em cama de dama casada e mandou queimar outra adúltera.

  Por isso não admira que o implacável D. Pedro obrigasse o povoléu ao beija-mão a D. Inês depois de morta... Mas que fedor – diriam alguns!

  Seu filho legítimo D. Fernando, o Formoso, embora noivo de uma princesa castelhana, não teve problemas em ornamentar a testa de um fidalgo chamado João Lourenço da Cunha casado com a uma mulher dissoluta, perigosa e perversa de seu nome D. Leonor Teles. Esta, de visita a sua irmã, que vivia no mesmo paço real, deu de caras com D. Fernando que nos seus 21 anos devia ser um “pão” prás moçoilas cá do Reino e fazendo-lhe “olhinhos mortos” lá conseguiu os seus favores sexuais. Teve D. Fernando arte e engenho em conseguir do Papa a anulação do casamento de D. Leonor mas teve um triste fim e o Conde Andeiro tomou o seu lugar para apagar o fogo que consumia a “triste” viúva. Saída da prisão em Tordesilhas, Leonor terá tido ainda dois filhos do cavaleiro Zoilo Iñíguez, tendo o último destes filhos, Maria, já com a bonita idade de 46 anos. Bem fogosa a rapariga.

O Formoso, além dos três filhos do seu matrimónio, teve também uma filha bastarda, que casou com o conde de Gijon, filho bastardo do monarca castelhano D. Henrique.

Pelos vistos, na Península Ibérica, réis e aias no leito era um forrobodó.


Querem mais? Então não percam os próximos episódios das alcovas reais porque eu… também não!

As Alcovas Reais - Parte II


  As alcovas reais, salvo raras excepções, foram sempre motivo de reais preocupações tanto para os reis como para as rainhas, que elas também não eram nenhumas santas no revolver dos lençóis.

  Mas um país machista como o nosso, cantam os feitos “voluntariosos” das saídas nocturnas, quais embuçados, dos nossos reis pela calada da noite, dos devaneios das rainhas pouco cantam, mas não necessitavam… era mesmo ali, nos quartos sombrios dos Palácios reais, que os escudeiros aqueciam os pés às Rainhas.

  Se D. Afonso Henriques deu um “tareal” à mãe também não fica bem na fotografia, só que aqui há uma curiosidade, sabe-se que teve 7 filhos da Mafaldinha sua mulher, e mais 4 filhos bastardos mas não se sabe quem são as mães. Filhos de pai incógnito era normal, agora de mãe!!!...

- Quem é o vosso pai? - Perguntaria o povoléu

- D. Afonso Henriques – diriam os petizes felizes.

- E as vossas mães quem são! – Perguntavam as mais “cuscas”.

- São incógnitas, não estão registadas na Torre do Tombo – Antecipariam no tempo o rapazio.

Então tá bem!

  Mas esta 1ª dinastia foi bem profícua!!! Não é que o seu filho D. Sancho I para não ficar atrás do seu progenitor emprenhou por 11 vezes a sua mulher D. Dulce e não satisfeito ainda teve tempo para mais 9 bastarditos fora das ameias do Castelo. O raio do rei devia ter insónias e nos intervalos das gravidezes da mulher entretinha-se a brincar aos papás e às mamãs com o mulherio das redondezas.

  Bom, isto de alcovas e de mulherio sempre trouxe ciúme doentio. E por aquilo que me estou dado a ler nas pesquisas, havia disputas que iam do caixão à cova. Mas isso são outras estórias pode ser que um dia as conte aqui o desvario que havia, mas entre mortos e feridos alguém tinha que escapar. Só que escapavam com a uma catrapázia de filhos pois se um fazia um, o outro fazia uma dúzia, como animais que somos, queremos perdurar a nossa “semente” para além dos tempos nem que para isso se tenha que matar os filhos alheios, mas ainda hoje isso acontece. Adiante!...

  D. Afonso II foi mais “pobrezito”, só teve um filho bastardo, se calhar aqui, em outros rebentos que nasceram à pala deste rei só a mãe é que não era incógnita.

  Se os nossos primeiros reis eram uns garanhões, a espécie devido aos cruzamentos foi perdendo “pedigree” e assim D. Sancho II bem remirava as grutas terrestres mas não deixou semente que desse.

  Mas a cada rei que cai outro se levanta, neste caso outra coisa se levantava e D. Afonso III bem pregou fundo a sua virilidade dando ao reino com D. Beatriz ou Brites, filha ilegítima de Afonso X de Castela, 7 filhos. De várias mulheres teve 5 filhos bastardos. Só o nome de uma é que consta na Torre do Tombo, D. Marinha Peres de Enxara dos Cavaleiros. Aonde fica Enxara? Tenho que passar por lá!...

  Sobre D. Dinis já conversamos, ao som da ladainha «Ai flores… lá levava as mulheres para o regadio.

  Agora damos um saltinho pois o filho D. Afonso IV não teve sémen fora do penico, todos os 7 filhos foram legítimos, que coisa, logo tinha este que estragar os meus escritos.


  D. Pedro, já aqui também falado, para além dos 3 filhos com a sua legítima, teve 4 de D. Inês e um de D. Teresa Lourenço, o mais famoso dos bastardos reais, que veio a ser Mestre de Avis e Rei de Portugal como D. João I.

  Vamos de novo saltar!… Um, dois, três, já estamos na 2ª Dinastia e logo com o bastardo D. João I o Mestre de Avis.

  Pois é amigos(as), agora vou-vos contar um segredo, a origem da Casa de Bragança do hoje D. Duarte Pio teve origem num rei bastardo, D. João, e do casamento de um seu filho bastardo com… Vamos à história!

  D. João I teve uma filha e um filho (D. Afonso) de uma ligação com a filha (Inês Pires) de um sapateiro judeu (Pero Esteves), a que chamavam o Barbadão. Este filho, feito Conde de Barcelos, casou com a filha de D. Nuno Álvares Pereira e deu origem à casa de Bragança.

  Aqui está. Não digam nada ao D. Duarte e ao povoléu que o coloca num pedestal, são eles capazes de bater nos filhos da sua legítima e depois vão carpir lágrimas de prazer quando vêem um descendente bastardo com a sua prole loirinha.

  Sabem por que o homem tinha a alcunha de Barbadão? Dizem os cronistas que Pero Esteves, desgostoso com os amores da filha nunca mais cortou as barbas e daí o povo o alcunhou de "Barbadão".

  Mas este rei também fazia alguma coisa com a sua D. Filipa de Lencastre e deu-lhe 7 filhos. Nada mau!

  Sucedeu-lhe D. Duarte. Casado com D. Leonor de Aragão, olhou para o pai e disse lá para os botões dos calções, se meu pai fez 7 eu não posso ficar atrás e se o pensou melhor o fez e zás pregou com os mesmos 7 à Leonor. No entanto lá teve que ter o seu bastardo que foi Bispo da Guarda que por sua vez o facto de ser Bispo não o impedia de pensar que a carne é fraca e deixou cá dois rebentos, D. João Manuel e D. Nuno Manuel.

  Por agora basta!... Prometo ser breve, e já agora? Onde fica Enxara?

As Alcovas Reais - III e última parte


  Isto de cabeças coroadas tem muito que se lhe diga. Afinal não passam de simples mortais e se o povoléu diz que a carne é fraca, bem os nossos monarcas faziam jus ao ditado popular...

  D. João II bem tentou impor para sucessor o seu filho bastardo D. Jorge, após a morte do seu filho legítimo o Infante D. Afonso, mas a rainha D. Leonor não estava pelos ajustes, fez finca-pé e foi Rei, D. Manuel seu primo direito e cunhado. Este como tinha uma alma altruísta, ficou com a viúva do filho do Rei, Isabel de Aragão, a primeira das três esposas que lhe deu um filho. Da segunda esposa, a cunhada Maria de Aragão, foi um fartote, teve nada mais nada menos que 10 filhos e ainda mais dois da 3ª mulher Leonor da Áustria.

  Eis que aparece um dorminhoco nesta história de alcofas e devaneios reais e tinha logo que ser D. Sebastião. Afinal não é só a rapaziada de hoje que passa a vida a dormir na forma. D. Sebastião, dormia tanto que penso que o “rei dormente" nem com o tempo limpo encontraria o caminho de casa quanto mais com nevoeiro. A vida deste Rei foi curta e como sofria de um corrimento crónico mesmo que desse uma “facada” fora do alguidar não faria correr atrás de si nenhum pimpolho.

  Mas já o seu sucessor, o Cardeal-Rei D. Henrique, como se tinha entregado ao sacerdócio muito novo, nada percebia de anatomia feminina e a instâncias do povoléu para deixar descendência senão lá vinham os espanhóis (como vieram), tentou junto ao Papa dispensa dos votos para contrair matrimónio com a rainha-mãe de França que tinha já a provecta idade de... 59 anos. Com estes argumentos lá pensou o rei de Espanha Filipe II: - Este Cardeal é mesmo totó, vou invadir Portugal e se assim o pensou assim o fez.

  Pelos vistos houve um período da nossa história que nem dentro de portas havia filharada quanto mais fora.

  D. João IV do seu casamento com D. Leonor de Gusmão teve 8 filhos, e de mãe desconhecida uma filha bastarda D. Maria. Coitada da filha que não sabe quem foi a mãe.

  D. Afonso VI parece que tinha o mesmo problema de D. Sebastião (alguma gonorreia digo eu) e assim à rainha, D. Maria Francisca, limitava-se a saudá-la em actos públicos. Esta, em desespero, perguntava ao rei se S. Majestade não se tinha agradado dela, recordando que Sua Majestade era seu marido. Ele é que não devia saber.

  No entanto este Rei tinha um carinho muito especial por D. Ana de Moura, freira de Odivelas, o que fazia que o rei visitasse muito o mosteiro e organizasse cavalgadas e touradas no seu pátio. Que touradas e cavalgadas deveriam ser entre lençóis!!!

  O irmão do rei, depois D. Pedro II, como achava que ali algo cheirava mal, devia ser do pendular do irmão, destituiu-o, fê-lo andar de um lado para o outro na cela do Castelo de Angra e no Paço de Sintra, e anulou-lhe o casamento. Depois deu o ombro amigo à cunhada e casou com ela com quem teve uma filha, Isabel Luísa Josefa de Bragança. Mas pensam que a história deste rei acaba aqui? Estão enganados (as). Pois este rei fez justiça heróica aos seus antepassados. Da 2ª esposa teve oito filhos mas ainda houve mais três bastardos:

  • De D. Maria da Cruz Mascarenhas:
  • Luísa de Bragança

  • De Ana Armanda Du Verger, francesa:
  • Miguel de Bragança

  • De D. Francisca Carla da Silva:
  • José de Bragança

      Já o nosso rei D. João V também tinha um fraquinho por freiras. A Madre Paula lá tinha a visita real no convento de Odivelas e, como era tão religioso, as suas amantes eram todas freiras. Dessas devotas visitas, nasceram os chamados "meninos da Palhavã", para quem mandou construir o palacete de Lisboa onde hoje está instalada a Embaixada de Espanha. Eram crianças já abençoadas à nascença. Além das freiras, este Rei fogoso teve ainda como amantes:

      D. Luísa Clara de Portugal, casada com D. Jorge de Menezes, e que pertencia à casa da Flor da Murta, e que ficou como a galante alcunha da amante real de quem teve uma filha D. Maria Rita monja do Convento de Santos.

      D. Madalena Máxima da Silva Miranda Henriques, de quem teve um filho D. Gaspar pela crisma e Manuel pelo baptismo que foi o segundo "Menino de Palhavã".

      O povo chamava aos filhos de D.João V, os meninos de Palhavã por residirem no palácio com esse mesmo nome.

      D. Luísa Inês Antónia Machado Monteiro, de quem teve um filho D. António.

    A Madre Paula

    (Retrato de Madre Paula, do ábum de Boião de Cultura)

      Esta freira portuguesa que se destacou como a amante mais célebre do rei D. João V, chamava-se Paula Teresa da Silva e Almeida, e nasceu em Lisboa em 30 de Janeiro de 1718. Era neta de João Paulo de Bryt, de nacionalidade alemã, que fora soldado da guarda estrangeira de Carlos V, e se estabelecera em Lisboa como ourives. Paula entrou para o convento de Odivelas aos dezassete anos de idade, e ali professou, após um ano de noviciado.

      D. João V, frequentador assíduo do convento de Odivelas, onde mantinha várias amantes que ia substituindo conforme lhe parecia, ao topar com a jovem Paula ficou loucamente apaixonado por ela. Nessa altura, já a famosa freira se havia tornado amante de D. Francisco de Portugal e Castro, conde de Vimioso, e que pouco antes tinha sido agraciado com o título de marquês de Valenças.

      O soberano não teve problemas, chamou o fidalgo e disse-lhe: "Deixa a Paula, que eu te darei duas freiras à tua escolha". Assim se fez, e soror Paula passou a ser amante do rei que era trinta anos mais velho do que ela. A influência de Madre Paula sobre o rei foi imensa.

      Quem carecesse de uma mercê do soberano já sabia que a maneira mais segura de a conseguir, seria recorrer à valiosa protecção da madre Paula que o soberano visitava todas as noites. A astuta freira que sabia muito bem aproveitar-se do rei, transformou-se em pouco tempo, numa verdadeira Pompadour.

      Das numerosas amantes de D. João V, foi a madre Paula a única que o soube dominar até à morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela como com a sua família, chegando o pai de Paula a ser agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo e a receber uma tença de doze mil reis e outros benefícios que lhe permitiram viver à larga.

      O luxo em que vivia Paula no convento de Odivelas, foi bem reproduzido num, documento da época, por Ribeiro Guimarães no seu Sumário de Vária História, onde descreve a magnificência asiática dos aposentos da madre Paula e sua irmã. Para a servir tinha a madre Paula nove criadas.

      Destes amores nasceu um menino que foi baptizado com o nome de José, como o príncipe herdeiro, que foi chamado o mais jovem "Menino de Palhavã" e veio a exercer as funções de inquisidor geral. Mais tarde nos tempos de Pombal, numa discussão, atirou-lhe com a cabeleira à cara e foi desterrado para o Buçaco.

      A vida desregrada do rei escandalizava, não só a corte, mas até os súbditos mais humildes, mas ninguém se atrevia a repreender o régio devasso. Para se fazer uma ideia da moralidade desse tempo, bastará recordar o que disse a abadessa D. Feliciana de Milão, às damas da rainha que não se levantaram, como lhes competia à sua passagem. “…Não se levanta de graça quem se deita por dinheiro...".

      Após a morte do rei que lhe deixou uma mesada principesca, continuou no seu recolhimento, recebendo os grandes que ainda se lhe aproximavam. Assim se conservou ainda durante trinta e cinco longos anos, com a altivez de uma soberana em exílio. Faleceu com 67 anos de idade, e foi sepultada na Casa do Capitulo do Convento de Odivelas.

      A rapariga era freira mas não era parva!

      D. José I teve uma amante: Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora, o que deu origem ao famoso "Processo dos Távoras", devido à tentativa de regicídio contra D. José.

      Tudo mentiras Marquês, tudo mentiras, e no Terramoto lá se enterraram os vivos, os Távoras, e salvaram-se os mortos.

      Dona Carlota Joaquina, mulher do rei D. João VI, era ninfomaníaca e dos seus nove filhos pensa-se, que o único filho legítimo do rei foi o mais velho dos rapazes D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal.

      Dos outros, alguns oficiais da guarda devem ter tido culpa no cartório tais as parecenças... E tu ó almoxarife do paço, não te livras da suspeita!!!

      Mas pergunto eu?! – A mulher era tão feia, onde estava a graça daquilo?

      Malandrecas, já vos estou a ouvir dizer que para um homem qualquer burra de saias serve, não é?

      Mas o nosso rei, que podia cheirar a vinho mas não a cheiro das cavalariças do Palácio de Queluz, quando via aproximar o coche da sua "ditosa" esposa nas estradas de Queluz gritava ao cocheiro:

    "Volta para trás! Vem aí a puta!".

      Podia acabar aqui e ouvia a plateia numa estrondosa ovação por tão eloquente escrita mas não, prometi a mim mesmo e a Suas Majestades, que este seria o último tema sobre o assunto.

      O nosso rei D. Pedro, o tal que foi quarto em Portugal e primeiro no Brasil, com o calor que havia por lá, teve cinco filhos da amante Marquesa de Santos. Da francesa Noémi Thierry, dois bastardos, com a irmã da Marquesa de Santos, com uma uruguaia, María del Carmen García e de outra francesa, Clémence Saisset, mais um de cada e, como não podia faltar, um da monja portuguesa Ana Augusta.

      Na ilha Terceira D. Pedro era um católico convicto e as suas visitas a conventos era um bálsamo para aquelas irmãs tão “caridosas”, pois só os conventos destas é que eram visitados. Porque seria?!...

      O seu neto D. Pedro V, embora falecendo aos 24 anos, não era de muitas quenturas com a mulher D. Estefânia e esta queixava-se da "extrema frialdade" do seu Pedro. Quando a rainha morreu, o médico que fez a autópsia, segundo consta, opinou que a rainha fosse enterrada num caixão branco e com uma coroa de flores de laranjeira.

      Nem uma única vez?!... Nem a pontinha?!... Ai Pedro, Pedro, com flores de laranjeira lá foi a pobre rainha inteirinha para S. Pedro.

      D. Luís I gostava muito de teatro e não perdia pitada da representação ao vivo e a cores da actriz Rosa Damasceno e ao seu filho D. Carlos parece que as noites lisboetas lhe faziam bem ao coração.

      Agora temos um Duque que é descendente de bastardos.

      Perto dos 50 anos lá resolveu dar o nó devido ao desespero de quem acredita que a descendência é de puro-sangue. Ele tem tanto de sangue “azul” como eu de “verde”. Quando a duquesa entrou de esperanças e perguntaram ao “real” duque como se iria chamar a criança, este prontificou-se a dizer “Noeminha”. Afinal ficou com outro nome.

      Então, tá bem!
  • 2.2.08

    O Jogo da Vida


      Sabes amigo? O que me custa não é ir para a reforma, o que mais me custa é saber que estou a ficar velho.

      Fito este meu amigo de longos anos. Ano após ano, vi o seu cabelo branqueando, embora nunca nos apercebamos muito disso pois só nos apercebemos das reais mudanças das pessoas amigas quando por períodos de tempo deixamos de as ver. Para ele é o fim de um ciclo, amanhã será do meu.

    Nos bancos dos jardins numa amena cavaqueira, a jogar às cartas onde muitas vezes os ânimos azedam e se perdem amizades de longos anos, ou simplesmente sós olhando quem passa, ali está o nosso pessoal Sénior.

      No Verão é vê-los chegar em camionetas e alegremente dar as suas passeatas pela praia ou em viagens por este Portugal, principalmente para os locais dedicado à Fé.

      Mas há sempre quem esteja só. Quem não tenha para onde ir, quem não tenha um amigo para conversar, quem viva todos os dias em comunhão consigo mesmo. Fita os mesmos bancos, as mesmas árvores, o mesmo jardim. Ali passa horas conversando com o seu eu, como se esse eu fosse o outro lado dele, mais jovem, mais desenvolto, mais falador, mais amigo.

      Imagina dois mundos, aquele que é e aquele que gostaria que fosse. Olha-se a si mesmo e ri-se de si próprio. Daquilo que foi, daquilo que é.

      Saber envelhecer é uma virtude, custa muito saber que se está envelhecendo, mas mais custa saber que o está fazendo sozinho!

      Boa sorte amigo!