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10.4.06

Quinze anos de corridas...




  Parece que foi ontem mas já se passaram quinze anos que calcei os ténis e comecei a calcorrear as estradas. Ainda me lembro como comecei. Tendo em épocas idas treinado atletismo no S. L. B. de Luanda (só podia ser no Glorioso), pensei muitos anos depois, que tinha chegado a altura de enfiar de novo os ténis e ala que se faz tarde. Ingenuidade minha, tive uma “canelite” que me fez estar parado alguns meses. Mas a vontade era muita e rectificando os erros cometidos; como utilizar sapatos adequados e treinos progressivos eis, que num Domingo agreste fiz a minha primeira prova nos Bons – Dias ali para os lados de Caneças – Odivelas. Não foi mau mas com as subidas que tinha fiquei com a impressão que a partir daí as subidas passaram a ser o meu calcanhar de Aquiles. Digo eu, que já fiz tantas provas com subidas tão acentuadas, que escalar os Pirinéus deve ser uma brincadeira de crianças. Claro que é um exagero mas ao fim destes anos de corrida por certo já dava para subir e descer os Pirinéus várias vezes.

  Nestes anos, muitas lesões, muito desânimo, muito vento, granizo, chuva, e uma vontade enorme de dizer, BASTA!... Já chega. Mas, no Domingo seguinte, lá estou de novo à espera do tiro de partida para mais uma corrida, mais uma viagem.

  Uma vez em Cascais, chovia torrencialmente, cai depois granizo forte e feio, o pessoal foge, ora abrigando-se num quiosque ora para baixo das varandas do hotel, mas ao tiro da partida ali estávamos todos, arrepiados mas sem desfalecimentos, a caminho do Guincho com o vento impedindo-nos de correr mas com uma vontade indómita de chegar ao fim. E, quando ao fim de 20km, se avista a meta, o nosso peito abre-se numa alegria enorme pelo facto de que nem os obstáculos da Natureza nos impediu de realizar o sonho, o sonho de que, quando a gente quer, não há nada que nos impeça de o concretizar.

  Outra prova com tempo terrível foi em Espanha, Vigo/Baiona, meia-maratona, 21098m, ou seja 21km e uns trocos. 21km de sofrimento. Depois da meta “cortada” bem tentaram os massagistas colocar os músculos tensos pela prova em músculos tenrinhos mas nada. Acabaram por desistir e eu lá tive que arranjar forma de chegar ao transporte para regresso a Portugal.

  Já não tem conta a quantidade de provas que fiz; milhas (1609m), 5, 10, 15, 20, 21.098, 25km. Sei sim que fiz quatro maratonas (42195m, ou seja 42km) e chega.

  Nestes quinze anos de corrida conheci e conheço muita gente (alguns trapaceiros que infelizmente também os há nas corridas), todos os Domingos há aquela saudação, o reviver outras corridas e, após a prova, quando ainda estamos mal refeitos do esforço despendido pergunta-se: - Domingo aonde é que vais correr?... Isto só de malucos.

  A corrida na Ponte 25 de Abril é outro marco. No início era só meia ponte cortada ao trânsito, hoje é aquilo que toda a gente vê. Milhares de pessoas atravessam-na num misto de alegria e novidade pois nem sempre se avista a cidade de Lisboa da ponte… a pé!

  Uma saudação especial à Corrida dos Sinos em Mafra. Única prova até hoje que nunca faltei desde que comecei a correr. Tenho os sinos todos e a festa era linda quando os carrilhões do Convento tocavam à nossa passagem. Agora já não tocam mas a festa continua.

  Alguns companheiros de estrada já partiram, mas acredito que quando se ouve o trovejar, são passos desses meus companheiros a correrem nas estradas do céu.

E tu?... De que estás à espera?!... Vem correr, e traz outro amigo(a) também.


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