A internet é uma boa forma de passar o tempo mas não é a única forma de passar a vida

20.8.08

Vô, vem!

A sua pequena mão apertava a minha com força e entusiasmo: «Vô, vem!» e puxava-me para o mar! E ria e pulava como um peixe fora d’água! As ondas dançavam na areia e ele sempre a puxar-me: «Vô, vem!»

E eu ficava a olhar aquela cabeça loirita, tão parecida com a minha quando eu era pequeno. Os seus olhos azuis brilhavam de alegria. Fazia-lhe pequenos castelos de areia e ele dava logo um pontapé naquilo. Queria era a água, enchia-lhe o balde e fazia chover sobre os braços e o corpo como me vira fazer!

O mar que tanto eu admirei em pequeno, agora levo o pequeno a admirar o mar!

Vem, meu neto, vamos ver o mar de perto. Sabes que o mar é como um velho amigo meu? Ele me conta muitas histórias, histórias que eu vou te contar também. Histórias de aventuras, de mistérios, de sonhos…

Sério, vô? Que histórias são essas?

São histórias que só se ouvem com o coração. Vem cá, encosta o teu ouvido no meu peito. Estás a ouvir?

Estou, vô. O que é isso?

Isso é o som do mar dentro de mim. O mar está sempre comigo, onde quer que eu vá. E agora está contigo também. Porque tu és parte de mim, meu neto.

Eu gosto do mar, vô. E gosto de ti.

Eu também gosto de ti.

O mar estava furioso e agitado, o vento soprava forte, mas ele sem medo só dizia:

«Vô, vem!»

Vou sim, meu neto!

C/o meu neto Renato Lima