A internet é uma boa forma de passar o tempo mas não é a única forma de passar a vida

31.1.11

O "Canário"


Já aqui contei, que havia uma canção, cantada por Nat King Cole, que não me saía da cabeça e não descansei enquanto não a “descobri” de novo. Como estão lembrados era a Andorinha Preta.

Como ainda havia “espaço” no segundo “player” dos anos 60/70 para novas canções, até atingir o limite máximo de 200, continuei a pesquisar e a ouvir muitas músicas desse tempo e esperar o tal clique para abrir de novo as gavetas da memória onde muitas canções estavam alojadas, mas adormecidas.

Muitas foram ouvidas, muitas rejeitadas pois eram novas versões, mas sempre que encontrava uma onde a sonoridade era aquela que conhecia, há que colocá-la para nunca mais voltar a ficar adormecida.

Foi assim com Neil Diamond (Sweet Caroline, Song Song Blue, Desiree), com o Elton John (Daniel, Crocodile Rock), «All my love» e «Congratulation» do Cliff Richard e muitas mais. Mas ainda haviam algumas lacunas e, sem querer, ouvi uma música que me levou a um conjunto muito ouvido na época, a música era «Green Fields» (Verdes Campinas, cantado em português pelos Conj. «Os Conchas»), e o conjunto os "The Brothers Four". Daí até ouvir, o também famoso, «The green leaves of summer», pelo mesmo conjunto, foi um passo. Mas havia outra canção que me veio à lembrança, sabia que era amarelo (Yellow) mas faltava qualquer coisa mais pois não era o «Yellow Submarine» dos Beatles, nem o «Yellow River» dos Christie. Pássaro, era isso, era pássaro, ou seja «Bird». Estava conseguida a junção «Yellow Bird», curiosamente também cantada pelos "The Brothers Four". Mas não era esta a música, cantada por este conjunto, que me soava aos ouvidos. Se era pássaro e amarelo só podia ser “Canário” e vi-me a trautear a canção:

Certa vez, um lindo canário eu vi,
A voar alegre no meu jardim,
Sempre a cantar veio segredar,
Pra ferir o meu coração,
Que viu meu amor, outro alguém beijar,
Sem de mim se lembrar


(claro que não me lembrava de tudo isto, mas que era canário e lindo sabia eu)

Se eu a cantava em português a versão só podia ser em português de Portugal ou português do Brasil. Pesquisando fui parar a este vídeo que vos ofereço em cima. É uma canção “lamechas” próprio da época, que juntava o "Rock and Roll", o "Twist", com musiquinhas de “cortar” o coração, mas que ficavam cá dentro por esta ou aquela razão.

O vídeo está muito bem conseguido (parabéns ao autor: FFukushima), e a voz da Celly e a do irmão, Tony Campello, faz-nos recuar no tempo… até aos anos sessenta.

Boas recordações!

20.1.11

Anos 70 e 80 - Décadas Perdidas

Depois dos sucessos dos anos 60, houve o período revolucionário, onde surge a Canção de Intervenção e os seus “cantautores” que cantavam não só letras dos próprios como de grandes poetas; José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre, Sophia de Melo Breyner, Fernando Assis Pacheco entre outros.

No entanto o mundo não parava e, assim, depois do período revolucionário, entra-se numa outra década de grande espírito criativo, os Anos 80. Esta década foi fértil em novas aventuras, séries de grande qualidade e músicas que ainda hoje permanecem no imaginário de muitos de nós.

No vestuário, lembro-me das grandes ombreiras (hoje rio-me disso mas na época era assim), os cabelos coloridos, muitos berloques nos braços e cores extravagantes, lacinho de tule no cabelo. Os homens lá tinham o seu sapatinho de bico fino, pontapé em bola era furo de certeza. Os “All Star” estavam na moda e calças com listinhas era muito prá "frentex".

No cinema como esquecer o «E.T.» de Steven Spielberg. Um extaterrestre com a cabeça que parecia uma batata mirrada, foi um dos maiores sucessos da história do cinema. Na televisão surgia MacGyver, um super-engenhocas, «Verão Azul» (série espanhola),


«Duarte e Companhia», a «Rua Sésamo» e o «Sítio do Pica-Pau Amarelo» (Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Cuca, Saci) que fizeram as delícias da garotada, Alf, Herman no «O Tal Canal» ("Com rebuçados Vilaça, a tosse logo passa!"), «Modelo e Detective», «Miami Vice»...

Séries que não perdia, quando não podia ver em directo deixava a gravar, eram «Shogun» com Richard Chamberlain no papel de um piloto de um navio inglês (Major John Blackthorne) e a série «Norte e Sul» que contava a história de dois amigos, um do Norte e outro do Sul, que tentam manter a sua amizade apesar da guerra civil, George Hazard era interpretado por James Read e Orry Man, por Patrick Sawayze. Que maravilha de séries.

Ah, e havia o «Dallas» com o "terrível" J.R. (Larry Hagman) a fazer das suas, Bobby (Patrick Duffy), Pamela (Victoria Principal) e mais nomes de gabarito. Tanto os guionistas esticaram a corda que depois foi um fim imerecido para uma série que nunca mais acabava.


Surge em força o «Cubo de Rubik», que fez a cabeça à roda de tanto pessoal que até chegava ao ponto de tirar as peças para colocar no sítio certo pois não conseguia resolver o problema de outra forma. E como se não bastasse, até em porta-chaves lá vinha o famoso cubo só pra chatear.


Na música, depois das Baladas e Trovas do Vento que Passa, o país entrou na "normalidade" (hoje até parece que não houve Abril, o país está à deriva, fracassado e paupérrimo devido a quem Abril as portas abriu. Voltámos ao Futebol, Fátima e se não há Fado, há telenovelas de gosto duvidoso, a encherem horas de programação. O povo que em Abril de 74 agitou o cravo, hoje fica quieto na pasmaceira da vida, com os olhos vidrados na menina que só não casa com o cavalo porque isso ainda não é permitido), surge uma "loira" que juntamente com um negro que ficou sendo o negro mais branco da história, revitaliza a época com grandes êxitos. Madonna e Michael Jackson (o seu album Triller foi o mais vendido de todos os tempos). Os U2, Cindy Lauper, A-hA, Prince, Depeche Mode, Culture Club, Guns N' Roses, Def Leppard, Dire Straits, Supertramp, The Smiths, Duran Duran são outros que muito sucesso fizeram.