A internet é uma boa forma de passar o tempo mas não é a única forma de passar a vida

17.5.08

Quero ser Sultão...

 ... Na próxima reencarnação.  No harém (palavra árabe “haram” que significa "o que é resguardado, sagrado") só podia entrar eu, todos os outros homens estavam proibidos de lá entrar, a não ser que fosse eunuco, aí nem era homem nem mulher.
 Podia ser como o sultão indiano Mogul Akbar (1556-1605), com mais de 5 mil mulheres. (Deixem-me fazer as contas, ora uma mulher por dia a dividir por 365 dava 13 anos e tal sem voltar à mesma, espectáculo!!!)  Os eunucos, rapazinhos apanhados nas selvas do Sudão, eram castrados e vendidos como escravos. Como a castração era feita de forma rudimentar muitos morriam o que os tornava mercadoria valiosa.
 A mãe do Sultão, a sultana-mãe, a “Valide”, era quem comandava as “tropas” lá no “Sítio do Pica-Pau amarelo”.
 Como algumas não conseguiam ver o sultão, e se ao fim de nove anos não vissem o padeiro, podiam sair e casar-se fora do harém imperial. Chamada que fosse apenas uma vez, tornava-se reclusa perpétua.
 Só uma vez e ficava para sempre à espera de uma 2ª que poderia nunca mais vir??? Realmente!... Como naquela altura as mulheres eram diferentes!  As odaliscas eram cristãs de origem europeia visto que, para um muçulmano, é pecado escravizar outro. Algumas eram conquistas das guerras, outras eram capturadas e vendidas nos mercados árabes. Embora tivessem que cumprir algumas obrigações que a “Valide” impunha, viviam numa boa, não sei se era boa se era má, tal a distância entre uma relação e outra, mas se calhar tinham outras brincadeiras, se não fosse com os eunucos não faltariam parceiras para um joguitos de papai e mamãe, tudo numa boa claro!
(Se continuam a olhar mais para as imagens do que para o que eu estou aqui a escrever paro já! Ah, bom, é o que vale ser romano e o respeito é muito bonito, então continuemos!)  Assim, enquanto esperavam que o sultão as chamasse, lá iam tendo uns banhos turcos, umas massagens pelos eunucos e umas intrigas (pois isto de haver muitas mulheres sem intrigas e traições pelo meio não tem piada nenhuma).  Eram banhadas depois em águas perfumadas com pétalas de rosas e essências raras. Lindas e sedutoras (para quem? Para os eunucos?), encaminhavam-se para outras salas onde cuidavam dos cabelos, pintavam as unhas e se maquilhavam. Depois, vestiam-se luxuosamente (não sei para quê, dali não saiam) e adornavam-se com inúmeras jóias.
 Passavam em ociosidade os dias, cantando e rindo, à espera que o rouxinol do sultão cantasse. A que fosse escolhida pelo rouxinol saltitante, era perfumada, vestida a preceito (continuo a não saber a razão do vestir já que se ia despir a seguir) pelas outras mulheres e conduzida pelos eunucos aos aposentos do califa. Se agradasse, tornava-se favorita. Se tivesse um filho do sexo masculino, tornar-se-ia esposa, e se esse filho fosse o primeiro do sultão passaria a ser primeira-esposa. Daí ser depois a sultana-mãe de um novo sultão que não me importaria de ser eu.  Mas quem sabe se, na próxima reencarnação, não me calha na sopa um harém!


2.5.08

Hoje senti-me alentejano


  É verdade, eu, um nortenho, hoje senti-me alentejano.

  Almoço, regado com um vinho tintinho de Cuba de 2006, fresquinho (coloco sempre no frigorífico meia hora antes de beber) e aí está o “je” a pensar que está debaixo de um chaparro, mordiscando uma palha, de botas de atanado grosseiro, calças e colete de cotim. Chambre de riscado e lenço ao pescoço. Resguardando as calças uns safões de lona e na cabeça chapéu de abas largas e copa redonda. Um autêntico alentejano dormindo a sesta.


  Mesmo que o passarinho cantasse nada era comigo. Ali na planície alentejana, onde o sol castiga mais, sentia-me como um nababo, sem nada na coutada mas com o mundo na mão.

  Estar em paz comigo mesmo é estar em paz com o mundo. Podem cair raios e coriscos mas a sensação de que estou ouvindo «Vou-me embora vou partir» dá-me vontade de ficar. Entregue a Deus, entregue à Natureza.

  Se a culpa é do Cuba de 2006 não sei, sei é que há dias assim...

  ...E eu, um nortenho, hoje, senti-me alentejano, amanhã é outro dia!


P.S. - O povo alentejano, como todos os outros povos que fazem parte deste jardim à beira-mar plantado, é um povo trabalhador. Tem a fama mas não teve o proveito pois foi um povo extremamente explorado. E o Alentejo, ontem o celeiro de Portugal, está em completo abandono porque quem governa este País pensa que sai mais barato comprar lá fora o que tínhamos cá dentro.