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1.8.07

Festa na Aldeia

 Mês de Agosto. Pelas fronteiras, os nossos emigrantes trazem a saudade na sua bagagem. Saudade da sua terra, saudade das sua gentes, saudade das suas festas.

 Percorrem milhares de km para voltarem à terra que os viu nascer, a sua homenagem aos entes perdidos, o abraçar à sua velha mãe, calcorrear as ruas da sua infância.

 Cheirar os eucaliptais, ver correr a água cristalina, ouvir o som do gado, o bater dos seus cascos no empedrado da sua aldeia.

 Ver a casa dos seus sonhos, erguer-se pintadinha de branco, um belo jardim fronteiro, uma fonte e um leão com o mundo a seus pés, mesmo ali no portão, contrastando com as construções antigas de pedra sobre pedra, com uma lareira a um canto onde ali, no pote, se coziam as batatas, as cenouras, os nabos e como sabia tão bem aquele cheirinho. A carne no fumeiro, os chouriços, os presuntos pendurados na trave da velha casa.

 Já não há cheiros como os da nossa infância.

 O carrão a fazer uma “vistaça” junto à vizinhança, sabem os deuses quantas canseiras, quantos sacrifícios, quantas horas de labuta, mas ali está ele para justificar o abandono da terra que o viu nascer pois aqui os dias são duros, o dinheiro curto e sonhos não concretizados.

 Ontem deram o salto com ou sem mala de cartão para terras de França. Depois outros países os receberam. Hoje, nesses países, deixaram descendência. Os filhos que só vêm à terra dos seus pais porque eles os trazem até que um dia ficam por lá pois esta terra já não é a sua.

 Todos os anos os nossos emigrantes regressam e, a sua terra, a sua aldeia está pronta para os receberem. Neste mês de Agosto as festas são uma constante, para gáudio do povo que recebem de braços os filhos pródigos e, assim, em todas as aldeias, ali no largo, perto do coreto, tudo fica engalanado, a música puxa para dar um pé de dança e é vê-los bailar a música que o povo gosta.

 A procissão sai, os anjinhos de braços abertos pedem aos céus que no próximo ano estes filhos da terra voltem de novo e de novo volte a haver... Festa na Aldeia.



... Meu querido, mês de Agosto!





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