Os passos encaminham-nos para o Terreiro do Paço. Lisboa sempre com o seu encanto, sempre bela. O bulício não é o do costume. Talvez por ser domingo e ainda cedo para os lisboetas andarem a calcorrear as ruas da cidade, amantes do fado vadio e do deitar tardio. Mas os turistas proliferavam, olhando para a cidade com outros olhos que não os nossos.
Um sujeito aproxima-se e em surdina, abrindo ligeiramente a mão pergunta: - Haxixe?!
Vi que era uma constante o assédio, não só oferecendo droga (que não é mais do que louro prensado)...
"Amigo estou ali hospedado nos Restauradores, vim de Coimbra à procura de emprego e precisava de uma ajuda para pagar o hotel pois já não tenho dinheiro" - pedia-me um outro que de mim se abeirou.
Antigamente pedia-se para pagar o transporte pois morava ali para os lados da Póvoa de Santo Adrião e não tinha dinheiro para a camioneta. Agora está-se mais fino e já pedem para pagar o hotel. Nada mau. Mudam-se os tempos, mudam-se as necessidades.
Óculos, extensores para telemóveis, tudo se procura vender ali. Os turistas sempre assediados e eu devia ter cara de turista pois mesmo junto ao Cais das Colunas, lá vem outro com a mão entreaberta e a pergunta sacra: - Haxixe?!
Não! Não necessito de haxixe. Necessito de respirar os ventos que me trazem os cheiros do Tejo, de abarcar o horizonte, onde gaivotas e barcos deslizam nas suas águas suaves, de olhar para o azul do céu, de sentir o pulsar de Lisboa.
... E ao som de Mozart, volto costas à cidade e digo... Até à próxima!
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