A natureza não é aquilo que aparentemente vemos. Quando sentamos no nosso rochedo olhando o bonito céu, refletindo no quanto somos ínfimos na imensidão do cosmos, por baixo de nós, ao nosso lado ou mesmo em frente, há uma luta titânica pela sobrevivência, pela continuidade da espécie. Na natureza tudo vale, não há que escamotear, a natureza é impiedosa.
Durante estes anos que tenho de fotografia, já tenho visto situações que me fazem recordar que nós não somos mais que produtos dessa mesma natureza. Matamos para sobreviver e, para expandir o espaço dos nossos domínios, arrasamos tudo o que nos aparece à frente. As mulheres são, para as forças conquistadores, o troféu dessa conquista. São violadas e se não feitas escravas, serão mortas sem dó nem piedade. Desmond Morris no seu livro "Macaco Nu" demonstra isso; o comportamento humano não difere muito do comportamento das outras espécies. Estamos sempre em lutas permanentes, seja por territórios, seja para alcançar a fêmea pretendida. E elas olham e sabem qual o macho que lhes mais interessa. Insinuam-se até artificialmente, aumentando os seios e as nádegas pois sabem que é por aí que os machos olham primeiro. O resto do corpo poderá não condizer com a anatomia corporal referida, mas o macho já ficou embasbacado com o que viu e o caçador é caçado.
Se um indivíduo aparece a uma possível conquista com um Ferrari e um outro pretendente com um mini, é lógico que o caçador a ser caçado, mesmo que corporalmente não seja melhor que o do mini, seja o do Ferrari. E isso porque lhe dá a garantia de uma vida de sucesso e um bem estar para os filhos que venham a ter. Poderá ter é uma surpresa desagradável, que o Ferrari seja alugado e apareça depois um carro bem pior que o mini, mas aí o mal já está feito. Claro que, como em tudo na vida, há exceções.
Na natureza tenho contemplado tudo isso. A aranha que se esconde para matar quem pousa na flor. A mosca assassina que golpeia sem dó nem piedade o gafanhoto, a borboleta que numa luta com outros da sua espécie, tenta dominar o território para se apoderar das fêmeas que por ali passam. Acontece tudo isso com todas as espécies. Na flora o mesmo se passa embora aí tudo seja mais silencioso.
Sabemos que os leões e ursos matam as crias de outro leão ou urso para que as fêmeas entrem de novo em cio. Que um pássaro que faça mal o seu ninho não tem hipótese, a fêmea vê e se não gostar procura novo parceiro. Sabe-se que as moscas machos quando rejeitados, procuram alimentos mais alcoólicos para se esquecerem da "tampa" que levaram. "Bebem para esquecer", já ouviram isso não ouviram? Pois... muitas vezes está por trás uma rejeição continuada do ato sexual.
Os pássaros machos são os mais coloridos. E são-no para agradar à fêmea que, ao contrário das do género humano, são sem graça. Dançam, chilreiam e dão presentes que podem ou não, chamar a atenção da fêmea pretendida. Há que as cativar com a plumagem, com o ninho, com o canto, com a dança.
Um dia estava a fotografar e vejo uns insectos a passar por mim mas muito rápidos. Pareceu-me tudo aquilo muito estranho. Parecia haver ali alguma coisa que não era normal. Seriam três pegados uns aos outros?! O mundo destes insetos é um mundo muito pequeno. Tudo é em miniatura. É preciso ter boa vista para poder ver, o que a natureza nos oferece neste mundo liliputiano.
Segui com o olhar e vi que poisavam no meio de uns arbustos. Aproximei-me com cuidado. Eram moscas do género Empis. O que vi depois deixou-me estarrecido. Um deles estava a servir de refeição à fêmea para que o macho, que tinha feita a matança macabra de um individuo da sua espécie, a copulasse enquanto esta devorava a "oferta". Assim, o assassino, conquistou a possibilidade de continuar o seu ADN pela geração vindoura.
Reparar na força do macho que, com as duas patas presas na planta, suporta o peso dos três. Por sexo tudo se suporta.
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