Um dia destes fui para a varanda e deu-me uma vontade enorme de cantar uma ária. Como não sabia nenhuma resolvi cantar o "Ser benfiquista". Afinei a voz e como um Carusso para os mais antigos, ou como Carreras para os actuais, soltei-a e, como um verdadeiro barítono, comecei a gritar:
Sou do Benfica
E isso me envaidece
Ao ouvir a minha voz a cantar com tamanha emoção o hino do meu clube, até os pelos do peito se me eriçaram. Os copos de cristal, a cada trinado, tilintavam, mas decerto é cristal falso porque se fosse verdadeiro partiriam tal a força e a pujança do meu “vibrato”. Um gato miava, um cão uivava talvez confundidos, pois devem ter ficado na dúvida, se aquilo que ouviam eram miados ou latidos. Mas eu não liguei e continuei a cantar a plenos pulmões.
Ser Benfiquista
é ter na alma a chama imensa…
O meu vizinho veio à janela ver o que se passava, se, por acaso, tinha sido alguém atropelado mas, quando me viu de tronco nu, com os pelos eriçados, deu-me um sorriso amarelo, mas o que se podia esperar de um verde… não compreendem o valor artístico da voz de um benfiquista.
Por baixo da minha varanda, a vizinhança juntou-se, só ouvia uns zunzuns, deveriam ser elogios mas eu, com a modéstia que me tarimba, não lhes prestei atenção. São assim os grandes artistas.
Uma carrinha de hortaliça pára nas imediações. Logo o pessoal se deslocou a ela em grande correria e eu, inchado que nem um peru, cantava a minha última estrofe:
… que nos campos a vibrar
são papoilas saltitanteeeeeeeees.
Antes que as palmas e os pedidos de bis se fizessem ouvir, fechei a porta e retirei-me para os meus aposentos. Os meus olhos lacrimejavam tal o orgulho que sentia de mim. Nessa noite dormi em paz e, no dia seguinte, vi o quanto a vizinhança tinha gostado. A minha varanda estava pintada de vermelho dos tomates, a fruta e as alfaces espalhavam-se,... durante uma semana não necessito de ir às compras."
Agora vou começar a treinar mas desta vez uma ária a sério, talvez a «March Of the Toreadores», assim, quando me mandarem alguma coisa, eu, como um verdadeiro toureiro, só direi… «OLÉ»!
Sou do Benfica
E isso me envaidece
Ao ouvir a minha voz a cantar com tamanha emoção o hino do meu clube, até os pelos do peito se me eriçaram. Os copos de cristal, a cada trinado, tilintavam, mas decerto é cristal falso porque se fosse verdadeiro partiriam tal a força e a pujança do meu “vibrato”. Um gato miava, um cão uivava talvez confundidos, pois devem ter ficado na dúvida, se aquilo que ouviam eram miados ou latidos. Mas eu não liguei e continuei a cantar a plenos pulmões.
Ser Benfiquista
é ter na alma a chama imensa…
O meu vizinho veio à janela ver o que se passava, se, por acaso, tinha sido alguém atropelado mas, quando me viu de tronco nu, com os pelos eriçados, deu-me um sorriso amarelo, mas o que se podia esperar de um verde… não compreendem o valor artístico da voz de um benfiquista.
Por baixo da minha varanda, a vizinhança juntou-se, só ouvia uns zunzuns, deveriam ser elogios mas eu, com a modéstia que me tarimba, não lhes prestei atenção. São assim os grandes artistas.
Uma carrinha de hortaliça pára nas imediações. Logo o pessoal se deslocou a ela em grande correria e eu, inchado que nem um peru, cantava a minha última estrofe:
… que nos campos a vibrar
são papoilas saltitanteeeeeeeees.
Antes que as palmas e os pedidos de bis se fizessem ouvir, fechei a porta e retirei-me para os meus aposentos. Os meus olhos lacrimejavam tal o orgulho que sentia de mim. Nessa noite dormi em paz e, no dia seguinte, vi o quanto a vizinhança tinha gostado. A minha varanda estava pintada de vermelho dos tomates, a fruta e as alfaces espalhavam-se,... durante uma semana não necessito de ir às compras."
Agora vou começar a treinar mas desta vez uma ária a sério, talvez a «March Of the Toreadores», assim, quando me mandarem alguma coisa, eu, como um verdadeiro toureiro, só direi… «OLÉ»!
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