Não o conhecia. Fernando Peixoto comentou num tema meu sobre os «Gorilas do Maiombe», designação do Batalhão de Caçadores sediado em Cabinda. Ele também estivera lá. Em conversa por mail verificamos que ambos, embora em anos diferentes, tínhamos calcorreado os mesmos locais. Tal como eu, esteve em Tando Zinze, onde tínhamos o aquartelamento. Andara na mesma floresta cerrada que é o Maiombe. Sentira os mesmos cheiros, os mesmos sons, os mesmos batuques. Quem sabe se também “amara” nas mesmas esteiras. Viu o mesmo céu estrelado através das clareiras daquelas copas de árvores enormes, o seu luar rompendo o ventre da folhagem, iluminando tenuemente a “picada” onde nós, soldados, aguardávamos ansiosos que novo dia despontasse, que a cor e o som voltasse àquela floresta, que o torpor da noite passado ao relento desaparecesse, que a cacimba que nos tolheu, que nos enregelou mesmo com os impermeáveis, desse lugar aos raios de sol que, embora a medo, se infiltrava naquelas ramagens quase impenetráveis.
Trocámos nº de telemóveis e, depois de algumas conversas, disse-me que voltara a estudar. Fiquei surpreendido por esse facto pois raramente se volta a estudar já com uma vida formada. Mas Fernando Peixoto fizera-o. Sabia-o ligado a um grupo teatral e Poeta pois enviara-me os seus blogues Todo Mundo É Um Palco e Arca de Ternura, através deles conheci-o mais um pouco.
Ficámos de nos encontrar em Setembro de 2008 em Belém onde, entre dois pastéis, iríamos reviver a nossa passagem pelos «Gorilas». Era sobre isso que ele gostaria de falar. Dos momentos passados entre companheiros da mesma luta, abominava tanto a guerra quanto eu, do companheirismo, da entreajuda, falar daqueles cheiros da terra vermelha, do marufo (bebida destilada da seiva da palmeira), da "Casa das tintas", dos alambamentos e outras recordações daquele “Mar Vegetal” de seu nome Maiombe.
Quando falei com ele, disse-me que não podia vir porque estava adoentado. Nunca imaginei o que poderia ser pois quando de novo voltei a conversar nada mais adiantou. Foi a última vez que o ouvi. A novas chamadas não me respondia.
Há pouco tempo li um comentário de sua filha, Helena Peixoto, no meu blog «Sons no Silêncio»:
Carissimo Mário,
Conheci o seu blog através de alguém que muito o admirava, o meu pai, Fernando Peixoto, que nos deixou faz alguns meses...
Nunca mais o iria conhecer em vida o Homem que andou nas mesmas paragens longínquas que eu. É só uma conversa adiada. Um dia destes iremos conversar sobre aqueles cristalinos regatos, daquelas mulheres cor de ébano, das esteiras, das danças à volta da fogueira...
No dia 31 de Janeiro haverá uma homenagem em V. N. de Gaia a este Poeta e Homem de Teatro. Eu não estarei lá mas estará lá o meu abraço.
Trocámos nº de telemóveis e, depois de algumas conversas, disse-me que voltara a estudar. Fiquei surpreendido por esse facto pois raramente se volta a estudar já com uma vida formada. Mas Fernando Peixoto fizera-o. Sabia-o ligado a um grupo teatral e Poeta pois enviara-me os seus blogues Todo Mundo É Um Palco e Arca de Ternura, através deles conheci-o mais um pouco.
Ficámos de nos encontrar em Setembro de 2008 em Belém onde, entre dois pastéis, iríamos reviver a nossa passagem pelos «Gorilas». Era sobre isso que ele gostaria de falar. Dos momentos passados entre companheiros da mesma luta, abominava tanto a guerra quanto eu, do companheirismo, da entreajuda, falar daqueles cheiros da terra vermelha, do marufo (bebida destilada da seiva da palmeira), da "Casa das tintas", dos alambamentos e outras recordações daquele “Mar Vegetal” de seu nome Maiombe.
Quando falei com ele, disse-me que não podia vir porque estava adoentado. Nunca imaginei o que poderia ser pois quando de novo voltei a conversar nada mais adiantou. Foi a última vez que o ouvi. A novas chamadas não me respondia.
Há pouco tempo li um comentário de sua filha, Helena Peixoto, no meu blog «Sons no Silêncio»:
Carissimo Mário,
Conheci o seu blog através de alguém que muito o admirava, o meu pai, Fernando Peixoto, que nos deixou faz alguns meses...
Nunca mais o iria conhecer em vida o Homem que andou nas mesmas paragens longínquas que eu. É só uma conversa adiada. Um dia destes iremos conversar sobre aqueles cristalinos regatos, daquelas mulheres cor de ébano, das esteiras, das danças à volta da fogueira...
No dia 31 de Janeiro haverá uma homenagem em V. N. de Gaia a este Poeta e Homem de Teatro. Eu não estarei lá mas estará lá o meu abraço.
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